Vinho: um pouco de história desde a pré-história.


Foto-divulgação turismo(1998): Onde há vinhos, há turistas.
Quando falamos de vinho e de seu surgimento, é correto afirmar que é tão incerto quanto a invenção da roda, mas uma coisa é certa, onde existem uvas reunidas em um mesmo vasilhame, o vinho é apenas uma conseqüência de sua fermentação tão natural quanto a própria existência.
A videira própria para a produção de vinho – vitis vinífera – é a única que consegue a proeza de produzir açúcar na proporção de 1/3 de seu volume total. Isso significa dizer que a uva por si e mais nada consegue fermentar naturalmente, transformar todo seu açúcar em álcool ( 11º vol. ou mais). Quando se trata da história de algo ou alguma coisa, sempre existem lendas e essa é a parte mais interessante da origem do vinho: as lendas sobre o seu surgimento: a primeira e muito conhecida está no Velho Testamento. No livro do Gênesis diz que Noé, após ter desembarcado os animais, plantou um vinhedo do qual fez vinho, bebeu e se embriagou.
Processo artesanal de moagem da uva. foto 1998.

Outras versões existem em outros povos. Dentre elas, a persa fala que as uvas de um certo rei eram mantidas em jarras para serem comidas fora da estação. Certa vez, uma das jarras estava cheia de suco e as uvas espumavam e exalavam um cheiro estranho sendo deixadas de lado por ser consideradas possível veneno. Uma donzela do harém tentou se matar ingerindo líquido. Ao invés da morte ela encontrou alegria e um repousante sono. Ela narrou o ocorrido ao rei que ordenou, então, que uma grande quantidade dessa bebida fosse feita para ele e sua corte.
O grego Eubulus por volta de 375 a.C. escreve o seguinte : "Eu preparo tres taças para o moderado: uma para a saúde, que ele sorverá primeiro, a segunda para o amor e o prazer e a terceira para o sono. Quando essa taça acabou, os convidados sábios vão para casa. A quarta taça é a menos demorada, mas é a da violência; a quinta é a do tumulto, a sexta da orgia, a sétima a do olho roxo, a oitava é a do policial, a nona da ranzinzice e a décima a da loucura e da quebradeira dos móveis."
O vinho teve importante papel na medicina. O uso medicinal do vinho era largamente empregado pelos gregos e existem inúmeros registros disso. Hipócrates, considerado pai da medicina fez várias observações sobre as propriedades do vinho como remédio.
Festa de família +- 1970. (debaixo da parreira e com vinho)
Na Idade Média, a Igreja Católica passa a ser a detentora das verdades humanas e divinas. O simbolismo do vinho na liturgia católica faz com que a Igreja desempenhe, nessa época, o papel mais importante do renascimento, desenvolvimento e aprimoramento dos vinhedos e do vinho. Os mosteiros das principais ordens religiosas da época, como os franciscanos, beneditinos e cistercienses (ordem de São Bernardo), que se espalharam por toda Europa, desempenharam papel importante na divulgação da sabedoria da elaboração do vinho.
Um fato importante na história da vitivinicultura, ocorrido da segunda metade do século XIX, a partir de 1870, diz respeito a uma doença parasitária das vinhas, provocada pelo inseto Phylloxera vastatrix, cuja larva ataca as raízes. A Phylloxera, levada à Europa em vinhas americanas contaminadas, destruiu praticamente todas as videiras européias. (vitis vinífera) A salvação para o grande mal foi a descoberta de que as raízes das videiras americanas eram resistentes ao inseto e passaram a ser usadas como porta-enxerto para vinhas européias. Desse modo, as videiras americanas foram o remédio para a desgraça que elas próprias causaram às vitis européias.
uvas quase maduras. (final de dezembro)
Assim, uma breve história do vinho, desde o surgimento das primeiras videiras, o agrupamento dos primeiros cachos que pela natural presença das leveduras, transforma o açúcar em álcool e faz brotar a mais bela das bebidas. Da mitologia grega, passando pelas festas Greco-romanas cultuando os deuses Baco e Dionísio,  ao mais Sacro Ritual Cristão, o vinho é produzido, envelhecido, cultuado, citado, discutido, brindado e o mais importante: bebido.
Saúde ao vinho.

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